quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A união faz a força


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Neste último sábado (14/08), integrantes do GECP realizaram um Mutirão para corte de pinus e manutenção das trilhas no Salto São Jorge.


A área do Salto São Jorge é propriedade particular, e aberta para visitação desde 1991. O fluxo de turistas pelas trilhas é intenso, atingindo nos finais de semana de verão mais de 1.000 pessoas por dia. Como as trilhas não possuem uma infra-estrutura adequada, começaram a apresentar vários trechos com erosão. A situação se agravou após o início de plantio, em 2001, e piorou muito quando motoqueiros começaram a circular pelas trilhas. E então, o GECP que sempre fez manutenção nestas trilhas desanimou, pois o tráfego de motos destruía qualquer trabalho.




Atualmente os proprietários proibiram motos nas trilhas (somente nas trilhas), e assim, a animação voltou e o trabalho tende a continuar.


O Pinus também é um grande problema nos Campos Gerais. Trata-se de uma espécie exótica que apresenta facilidade e rapidez de disseminação. A forma mais viável de eliminar é cortar ou anelar. No São Jorge, desde que uma área vizinha começou o cultivo de Pinus, a invasão nos campos e em meio á mata aumentou consideravelmente. O Pinus destrói as plantas ao seu redor, predominando na paisagem. É necessário conter seu avanço!



Foi um ótimo trabalho, mas somente o início...




Valeu Pessoal!


Somos responsáveis pelos locais que nos dão o prazer de escalar. Devemos preservar, conservar e lutar pela atividade sustentável nestes lugares.



É como disse Saint-Exupéry
“...somos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos".

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Entrando no Buraco do Padre...


De nome curioso e com uma beleza singular, o Buraco do Padre é uma furna situada no cruzamento de falhas e fraturas de direções NW-SE e NE-SW em arenitos da Formação Furnas (Devoniano da Bacia do Paraná).


Destaca-se por possibilitar adentrar facilmente a pé o seu interior, através do leito subterrâneo do Rio Quebra-Perna, o qual despenca dentro da furna numa cachoeira de aproximadamente 30 m de altura, formando na base um lago raso com banco de areia.


Para quem não sabe, as furnas são feições de erosão subterrânea seguidas de abatimento do teto rochoso (Maack, 1946 e 1956; Soares, 1989), o qual atinge a superfície do terreno, formando grandes buracos, com até cerca de 110 m de profundidade e 500 m de diâmetro. São típicas dos arenitos da Formação Furnas, Devoniano da Bacia do Paraná, sendo as mais conhecidas as furnas do Parque Estadual de Vila Velha, entre elas a Lagoa Dourada, uma furna assoreada (Melo, 2002).


Nas proximidades da furna principal observam-se ainda outra furna menor, túneis, fendas (como a Fenda da Freira) e escarpas associados às falhas e fraturas, que podem ser exploradas, pelos mais corajosos, através de trilhas.




Ademais, as singulares feições de relevo da região formam micro-ecossistemas com muitas espécies endêmicas, ainda por ser devidamente estudadas. Plantas rupestres proliferam nas paredes da furna, túneis e fendas, enquanto andorinhões nidificam nas irregularidades da rocha, e um estranho crustáceo de água doce, semelhante a um lagostim (Aegla castro Schmitt), vive no fundo arenoso do pequeno lago e leito do rio no interior da furna.

Foto: Átila Santana

Nas áreas de entorno é possível observar três ecossistemas diferentes (campos limpos, mata de araucária e relictos de cerrado), bem como sítios arqueológicos com pinturas rupestres e outras feições de relevo típicas da região (escarpas, fendas, relevo ruiniforme e outras furnas).

(Texto original: Furna do Buraco do Padre, Forma
ção Furnas, PRMelo, M.S.; Lopes, M.C.; Boska, M.A.Disponível em: http://vsites.unb.br/ig/sigep/sitio110/sitio110.pdf


Por todos estes atributos geográficos de relevante importância, a ESCALADA nas paredes rochosas foi limitada, em prol da conservação, mas há 11 vias catalogadas, e de ótima qualidade. O setor principal é o Favo, com vias que variam de 5º como a Mulheres, uma via para iniciantes, que apesar de ser fácil, tem um visual muito bacana; a 9ºb como a Favo, um super teto que desafia os mais fortes.



Via Favo

E a parede laranja, vista já da estrada de acesso ao Buraco, dispõe de lindas vias técnicas, como a Coluna do Tempo e a Hallowen, para quem gosta de fritar os dedinhos.


Coluna do Tempo (em dois tempos 1995 e 2010)

Fora deste bloco ainda tem outras vias, como a Robozinho (impossível não identificar) e a Jardins Suspensos da Babilônia.



Via Robozinho (foto: Leandro Forbeck)

E bem próximo ao Buraco, porém outra propriedade particular, há o recente Setor Macarrão, que tem sido muito visitado nos últimos tempos, e é matéria do Informativo Mountain Voices deste mês, onde Willian Lacerda, um d
os conquistadores das vias, conta a história deste setor
.

PG na Mountain Voices

O Setor Macarrão possui atualmente 37 vias, distribuídas em duas paredes principais, o setor 1 ou da frente, e 2 ou do fundo.

No setor 1 há vias com boas agarras, negativas e atléticas, com graduação que vai de 6ºc a 8ºa, este denominado Até o diabo sua, derrete eu diria...

Até o diabo sua

Afinando o juda

Já no setor 2 as vias são mais altas, tendo a mais longa cerca de 28 m, com variação de agarras boas e regletes, levemente negativa, com tetos, variando de 7ºa a 10ºb. Não deixe de escalar a Burlando a Lei (8ºc), regletera danada; a Cata Pinhão (7ºb) longa e linda, e As lacas também voam (7ºa), deliciosa de escalar.

Burlando a Lei

Ritmo Terminal

E o melhor de tudo é que a base destes setores são perfeitas, sempre à sombra.


O Buraco do Padre e o Setor Macarrão também estão incluídos no Guia de Escalada de Ponta Grossa, que logo, logo estará a venda.


Como são propriedades particulares, pedimos a colaboração quanto a limpeza do local, e isto inclui o papel higiênico também; o barulho na base das vias; evitar acampar, mas quando necessário tome cuidado para não abrir clareiras; não faça fogueiras; e estacione no local adequado, isto é, no final da estradinha.

A escalada nestes locais depende muito da suas atitudes!

Você já deve ter se perguntado por que o nome Buraco do Padre né? Conta a lenda que os jesuítas utilizavam o interior da furna para rezar...e quando foram expulsos do local enterraram um tesouro embaixo da queda d’água. Quem se arrisca?


Localização e acesso


A furna do Buraco do Padre situa-se cerca de 24 km a leste-sudeste do centro de Ponta Grossa,próximo às coordenadas geográficas 24°34' S e 50°14' W. O acesso ao local a partir de Ponta Grossa é feito inicialmente pela rodovia PR-513 (cerca de 18 km), em direção ao Campus da Universidade Estadual de Ponta Grossa, e em seguida por uma estrada vicinal sem revestimento (cerca de 6 km). Quem vem no sentido Curitiba – PG pode tomar a Rodovia do Talco, já explicada no acesso ao São Jorge, porém ao chegar ao asfalto vire à direita. Há uma pequena placa a direita indicando o caminho para o Buraco do Padre. Depois da ponte de madeira, vire a esquerda para ir ao Buraco, e siga reto, após a cerca, para ir ao Macarrão.